Amar do ser amado

Claro que quando duas pessoas se amam torna-se problemático separar o "amar" do "ser amado". Com frequência, porém, se acredita que a felicidade está mais em receber do que em dar amor. Engano, pois as delícias de amar superam as de ser amado.

Ser o foco do amor de alguém é muito bom, mas tem mais a ver com uma posição passiva, uma satisfação vaidosa, uma felicidade que vem de outro e dele depende. A alegria de ser amado não é plena, não é visceral. Já o amar é algo que nos pertence, que nasce em nossas entranhas e nos enche o peito de um júbilo transbordante, que ativa nossas moléculas em direção ao ser amado, que provoca uma alegria que nasce e mora em nós mesmos, que nos torna melhores, mais capazes de apreciar a vida, mais generosos, com disposição infinita para viver e realizar.

Ser amado é um empréstimo; amar é um capital. Quando o amor pelo outro nasce de nós ele transborda para o mundo. Os versos que se seguem, de Poema do Amor Universal, de minha autoria, expressam este pensamento: "Eu amo/ E ao amar/ Posso amar mais ainda/ Posso estender meu amor em comprimento e profundidade/ Sem deixar de amar a quem amo". Quando sou amado, meu viço depende do outro. Quando amo, ele depende de mim mesmo.

Não é fácil distinguir o amar do ser amado quando ocorre esta feliz conjunção de sentimentos. Se amamos e somos amados, ocorre uma retroalimentação, uma potenciação que eleva o amor aos píncaros. Ser amado estimula o amar, e vice-versa. Ao dissecar esse conjunto, porém, vemos que amar nos torna mais fortes, plenos e criativos do que ser amados.

Se minha flama depende de ser amado eu a perderei quando aquele que me amou se for. Se ela depende de meu próprio amor, eu a manterei ainda que seja abandonado. Meu sofrimento não matará minha capacidade para a alegria, mesmo que a tristeza venha a ocultá-la, pois possuo uma potência dentro de mim. Já se meu amor depende do amor do outro, minha alegria vem dele, eu não a possuo, ela apenas me é concedida em usufruto, e por isso eu a perderei quando o perder.

Por tudo isso, amar nos torna mais fortes que ser amados. E, quando somos correspondidos, o amor que já existe em nós se torna ainda mais pujante. É diferente de amar só por ser amado. Não havendo um núcleo de amor autônomo, o vigor murchará quando o outro se for, só restando desespero, desânimo, impotência. Portanto, amemos acima de tudo. Amemos àqueles que nos amam, mas nos lembremos disto: amar nos traz mais benefícios do que sermos amados.

Não vale a pena amar quem não nos ama, mas também não é suficiente amar só porque somos amados. É preciso que o amor parta de nós. Assim, a capacidade de sermos alegres, vivermos criativamente, sentirmo-nos felizes se mantém latente. Ainda que hiberne por um período, mais cedo ou mais tarde acordará

Autor: desconhecido
Conceito de amor

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